Não sou adepto do FC Porto, não tenho particular admiração pelo Chelsea, não gosto nem um bocadinho do Real Madrid e mesmo da selecção, tem dias e muito poucos, mas apesar disso sempre vi o jogador Ricardo Carvalho, dentro de campo, como um excelente profissional, talvez um dos melhores defesas centrais do mundo. Sempre praticou jogo limpo apesar da dificuldade imposta pela posição que ocupa sem nunca ter precisado de ser um selvagem como era, por exemplo, Fernando Couto, para se impor.
Fora de campo e sem o conhecer pessoalmente, sempre me pareceu uma pessoa recatada, um pouco tímido até, do género anti-vedeta.
Como tal, foi com algum espanto que ouvi a notícia de que teria abandonado o estágio da selecção sem avisar ninguém, apenas porque recebeu a informação de que não iria ser titular no jogo de hoje, frente à congénere cipriota.
Custa-me um pouco a crer que se a intenção fosse renunciar à selecção o jogador não tivesse preferido sair pela porta grande e simplesmente emitir um comunicado nesse sentido. Penso que depois de tudo o que deu à camisola das quinas, ninguém lhe levaria a mal que com 33 anos de idade o quisesse fazer.
Um profissional de futebol, seja ele quem for, não pode sentir-se desrespeitado apenas porque não é titular num determinado jogo, daí e sem querer tomar partido por ninguém, tudo isto me parece muito estranho, vindo de quem vem.
Do outro lado temos o seleccionador Paulo Bento que afirma que nada se passou. Que sem qualquer discussão o jogador se limitou a “desertar”.
Posto isto, no mínimo, exigem-se explicações claras a Ricardo Carvalho.