Sabe bem dizer tão mal
Devo começar por referir que embora prefira esperar pelos outros do que esperem por mim, detesto esperas e filas, sejam elas de que género for, logo, como devem calcular, ontem não fui ao Pingo-Doce, mas não fui apenas por essa razão.
Vamos por partes. Ontem, obviamente que não houve apenas gente que, infelizmente vive com muitas dificuldades, às compras no Pingo-Doce.
Os pequenos comerciantes, donos das tascas que se atiraram, desde as bebidas alcoólicas, aos detergentes, guardanapos e muitas outras coisas. Revendedores não devem ter faltado. Quem sabe até, algumas mercearias de bairro a quem o Pingo-Doce faz tanta sombra.
Chineses, tascas, roulottes e mercearias, ninguém deve ter ficado por representar.
Depois, também não devem ter faltado aqueles que, infelizmente habituados a viver com pouco, foram comprar mais barato com a intenção de poupar para dois meses mas daqui a quinze dias já nada sobrará porque os exageros vão inevitavelmente acontecer e com uma agravante, não será só a despensa a estar vazia mas a carteira também.
Mas melhor seria, que com 50% de desconto ainda exigissem um psicólogo para acompanhar os mais incautos.
Podia ficar aqui o dia todo a enumerar exemplos atípicos mas vamos àqueles que interessam, os "normais" consumidores. Será possível que alguém no seu perfeito juízo e nos dias que correm, não considere uma excelente oportunidade comprar a metade do preço, tantos e tantos bens de primeira necessidade?
Quem comprou com "cabeça", verificando se os preços não foram inflacionados especialmente para aquele dia, porque normalmente vai às compras e sabe o preço habitual dos produtos fez decerto uma boa gestão.
Quem não comprou aquilo de que não precisa apenas porque estava mais barato, como por exemplo comprar iogurtes para um mês quando o prazo de validade é, por hipótese, apenas de quinze dias e alarvidades desse género, fez decerto uma boa gestão.
Os funcionários do Pingo-Doce, ganhando mal ou bem, essa é outra questão, vão ser remunerados pelo feriado que trabalharam e, segundo julgo saber, vão poder durante alguns dias, também eles, usufruir dos 50% de desconto sobre as compras que fizerem.
Não venham agora os sindicalistas, que são dos maiores parasitas da nossa, já mais do que podre classe política, com a conversa do "coitadinho".
Será que não deu jeito a esses senhores que por aí andaram a laurear a pevide nas manifs, ter os postos de combustível abertos para abastecer o carrinho e a tasca aberta para ir jantar fora mais os seus camaradazinhos?
Não andaram de metropolitano, autocarro, não entraram em lado nenhum para beber ou comer qualquer coisa?
Foram atendidos por robots?
Enquanto andaram de bandeira vermelha na mão, não terão ido também as vossas mulheres ao Pingo-Doce?
E os que trabalham em regime de laboração contínua como, por exemplo, os enfermeiros, médicos, controladores de tráfego aéreo?
Vamos lá parar o já miserável país, deixar cair os aviões e deixar morrer pessoas porque hoje é o 1º de Maio.
Vão dar banho ao cão pah!
Não deixa de ser interessante, para não dizer estúpido, ver a facilidade com que nas redes sociais, alguns atacam esta campanha do Pingo-Doce, mais engraçado ainda é perceber que muitos desses ataques, partem eventualmente de pessoas desempregadas e que provavelmente não são elas que enchem a despensa lá de casa.
A questão que toda a gente devia fazer mas que poucos ou nenhuns fazem é a seguinte.
O Pingo-Doce não fez dumping pelo simples facto de que tem margens de lucro entre os 300% e os 1000%. Porquê então pagar tanto nos outros 364 dias?
A questão aplica-se, naturalmente, também a todas as outras cadeias de super e hipermercados.
Ataquem mas é o cartel que é feito no resto do ano, quer na alimentação, quer nos combustíveis e deixem lá os 50% de desconto do Pingo-Doce de onde tantos portugueses com dificuldades tiraram algum proveito.
E já agora outra dúvida.
Sobre que valor vai o Pingo-Doce pagar IVA, sobre os 50% ou os 100%?